Universo LED

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sexta-feira, 27 de maio de 2011


Eficiência energética nos supermercados: das prateleiras para a operação
Redes como Walmart, Carrefour e Pão de Açúcar avançam na implementação de práticas sustentáveis e visam à redução do consumo de água e energia para mitigar impacto ambiental

Diego Luis, para o Procel Info


Supermercados usam medidas de eficiência energética para reduzir custos operacionais

A eficiência energética, que vem ganhando cada vez mais destaque nos mais variados setores da sociedade, começa a garantir espaço também nos corredores dos supermercados. Engana-se, no entanto, quem pensa que os produtos eficientes energeticamente estão apenas nas prateleiras. As redes de supermercados apostam cada vez mais em mecanismos sustentáveis e de redução do consumo de energia elétrica, tanto para reduzir custos quanto para mitigar seu impacto ambiental. Com isso, também agregam valor à sua imagem diante de clientes cada vez mais conscientes sobre seu consumo e sobre questões ambientais. Segundo uma pesquisa dos institutos Akatu e Ethos, feita em 11 capitais e no Distrito Federal, o percentual de consumidores conscientes se manteve em 5% em 2010.

Considerando o aumento populacional, o percentual indica um aumento de cerca de 500 mil consumidores aderindo a valores e comportamentos mais sustentáveis. Os gastos com energia são um forte estímulo para que empresas como Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour invistam em medidas de sustentabilidade para reduzir custos operacionais. O presidente da
Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, admite que a fatura energética representa uma fatia significativa dos gastos gerais de operação em um supermercado. "O insumo energia no nosso setor, dentro da nossa atividade, é praticamente o primeiro custo que temos, tirando a mão-de-obra", afirma Honda.

"Já que o padrão de consumo brasileiro vem se alterando para melhor, a oferta de produtos perecíveis tem aumentado, e existe um investimento no setor de cadeia fria para oferecer produtos mais frescos. Isto exige equipamentos, como geladeiras, não só no ponto de venda, mas também no ponto de retaguarda, o que tem elevado o custo de operação. Em algumas lojas, ele chega a atingir 2% sobre o faturamento das nossas operações", explica. "Uma câmara fria equivale a uns 100 números de geladeira. Então, você imagina como impacta no consumo um equipamento como esse sendo mal utilizado", diz.

De acordo com o presidente da associação, as grandes empresas de supermercado aderem ao mercado aberto de energia, comprando insumo para uso futuro. No entanto, "O setor é formado basicamente por lojas menores e é muito pulverizado, e na verdade as empresas acabam pagando esse custo maior, que é o da energia comercial", pontua Honda. Por isso, a Abras incentiva seus associados a aderirem a práticas mais conscientes em relação a seu consumo de eletricidade. "O próprio tema adentrou as empresas. Nenhuma empresa pode dizer que está alheia a essa situação", observa.

"A crise de energia de 2000 para 2001 mostrou o quanto desperdiçávamos energia. Isso já trouxe um grande ganho de eficiência e levou as empresas a perceberem, dentro de suas áreas, essa questão. Até hoje nós comentamos muito a questão dos equipamentos da cadeia fria, da importância que têm as câmaras frias. Não é só utilizar equipamentos, mas é preciso pensar em como o uso correto dos equipamentos impacta no consumo", assegura. "Há regras hoje. Quando você visita um depósito, vê claramente avisos sobre utilização. Antigamente não acontecia isso, mas hoje nós percebemos todo esse cuidado. Eu acredito que se possa reduzir de 30% a 40% o consumo de energia quando se tem práticas mais corretas na utilização dos equipamentos", garante Honda.

As medidas envolvem gestão energética, mecanismos de redução de consumo e uso de equipamentos eficientes energeticamente. "As lojas caminham, praticamente todas, de médio porte e de porte menor, para a utilização de ar-condicionado central para oferecer um bem estar melhor ao consumidor. Já as empresas maiores contratam companhias de engenharia, que trabalham especificamente nessa área de redução do consumo de energia, mas é uma área que ainda cresce no nosso setor", relata.

Essas lojas, que assumem mecanismos sustentáveis e de redução do consumo, tanto de água quanto de energia, são chamadas de lojas verdes. "Estamos falando de lojas com utilização maior de tetos transparentes para melhor utilização da luz do dia e de equipamentos com menor consumo de energia para refrigeração. Também estamos falando da área de iluminação de lojas, que utilizam lâmpadas com menor consumo, tirando agora as fluorescentes, que imperavam no setor e que estão sendo substituídas pelas LEDs. Nos estacionamentos também estão sendo substituídas por equipamentos que consomem menos energia", relaciona o presidente da Abras.

Exemplo disto são as lojas do Grupo Pão de Açúcar. Desde 2006, cada loja do grupo possui uma comissão interna de controle de energia, com o objetivo de reduzir custos e o consumo de energia. Em 2009, as lojas ficaram 2,6% abaixo da meta estabelecida. Em algumas lojas, no entanto, a troca de equipamentos por similares de menor consumo foi essencial para um menor consumo de energia. O grupo já possui duas lojas verdes. A primeira loja verde da América Latina foi inaugurada em 2008, na cidade de Indaiatuba (SP).

As redes de supermercados apostam cada vez mais em mecanismos sustentáveis e de redução do consumo de energia elétrica, tanto para reduzir custos quanto para mitigar seu impacto ambiental. Com isso, também agregam valor à sua imagem diante de clientes cada vez mais conscientes sobre seu consumo e sobre questões ambientais


O novo modelo de loja emprega tecnologias que permitem a economia de 10% de energia em relação a uma loja convencional de mesmo porte. Atendendo aos critérios de certificação definidos pelo U.S. Green Building Council, a unidade conquistou em 2009 o certificado de Liderança em Energia e Design Ambiental (Leed, na sigla em inglês). Mais tarde, em 2009, mais uma loja verde do grupo foi inaugurada na Vila Clementino, em São Paulo, seguindo os mesmos critérios de sustentabilidade implementados na loja de Indaiatuba. Na construção das lojas verdes foram identificadas mais de 50 iniciativas que estão, aos poucos, sendo replicadas em todas as inaugurações de novas lojas do Pão de Açúcar.

Os custos para a implantação dessas lojas verdes é maior em relação a uma convencional. No entanto, o investimento é recuperado através das economias de energia provenientes da operação eficiente. "É claro que a curto prazo o impacto de construção é mais caro. Mas a médio e longo prazos as empresas conseguem fazer com que esse impacto inicial seja compensado. O retorno sobre o investimento acaba vindo ao longo do período de utilização dos equipamentos", garante. E, além do retorno financeiro, também existe o retorno do público. A imagem de uma empresa sustentável agrada e atrai os consumidores mais conscientes.

"Está ligado ao marketing das empresas", admite. "As empresas querem ser bem vistas sob o aspecto da sustentabilidade e divulgam suas ações. Se você pegar as grandes empresas, que são mais estruturadas em termos de divulgação, você vai encontrar dados analisados todos os anos sobre o que tem sido feito na área de sustentabilidade e na área socioambiental. Isso nós falamos de grandes empresas, mas as outras empresas também estão participando", afirma.

Ao abrir as portas de sua loja no bairro de Campinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, no final de 2008, o Walmart também atingiu um novo patamar em seu programa de sustentabilidade. A unidade incorporou o maior número de iniciativas realizadas pela empresa até então, com o objetivo de melhorar a eficiência socioambiental da operação. A loja incorpora clarabóias no telhado do salão de vendas que permitem o aproveitamento da iluminação natural, contribuindo para a diminuição no consumo de energia, e lâmpadas fluorescentes do tipo T5, que gastam menos energia que as lâmpadas convencionais.

Além disso, a altura do telhado da loja foi dimensionada para melhor aproveitamento do ar-condicionado, evitando desperdício de energia. Nos dois anos seguintes, outras 12 lojas desse padrão foram inauguradas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Bahia e Distrito Federal. O primeiro Centro de Distribuição ecoeficiente da rede foi aberto em 2009, na cidade de Betim (MG).

O marketing sobre a sustentabilidade das empresas de supermercados também oferece retorno garantido, segundo o presidente da Abras. "O Carrefour é um exemplo gritante aqui em São Paulo de uma loja que eliminou as sacolas plásticas. Mesmo antes de questões ligadas à legislação, ele transformou essa loja dentro de um padrão dela e tirou as sacolas plásticas. É a loja de maior retorno que temos hoje e não era. Para você ter ideia do impacto que isso tem na comunidade. O impacto quando ela anunciou seu programa em termos de imagem criou tanto benefício que é uma das lojas que teve, de acordo com a área de Sustentabilidade do Carrefour, o maior crescimento de identificação com o consumidor", conta Honda.

O Carrefour possui diversas campanhas de sustentabilidade e conscientização sobre consumo consciente da água e da energia. No âmbito da redução do consumo de energia, o grupo promove o Dia Nacional do Futuro Consciente, quando recebe filhos de clientes e crianças da comunidade para refletirem sobre os cuidados com o planeta, através de brincadeiras educativas. Suas revistas "Pense Bem" e "Fique Ligado" estimulam atitudes mais sustentáveis com informações básicas de economia de insumos. Na Semana do Meio Ambiente, a empresa fomenta a prática de hábitos sustentáveis, abordando temas relacionados, em todas as suas lojas no Brasil. O Carrefour também oferece, em parceria com o Instituto Akatu, treinamento para seus funcionários, a fim de torná-los agentes de mobilização pelo consumo consciente.


http://www.procelinfo.com.br/data/Pages/LUMIS8D1AC2E8ITEMID74FBA238284C41C3A6115FC9B868E810PTBRIE.htm